Substituíram o carrilhão da Matriz por sofisticado sistema de alto-falantes, pelos quais se ouvia, todos os dias às dezoito horas, a gravação fonográfica do antiquíssimo badalar dos sinos.
– A que ponto chegamos?, dizia uma devota à sua companheira de reza. Até a igreja se rendeu às facilidades dos novos tempos.
Às facilidades e, fatalmente, à sua vulnerabilidade.
Pois num domingo de sol, alguns moleques entraram na igreja e deram um jeito de trocar o cd “sineiro” por outro surrupiado ao camelô.
Toda a comunidade ficou escandalizada quando, às seis da tarde, reboaram por sobre a praça aquelas batidas fortes que nada tinham a ver com o nobre reboar do bronze.
Durante um bom tempo ouviu-se da torre da igreja as rimas indecentes e as batidas de funk vomitadas impunemente pelos modernos alto-falantes, porta-vozes dos novos tempos.
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gORj
Um comentário:
Muito bom conto, embora um ato de terrível mau gosto! Ao menos despertou a população... será?
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