sábado, 27 de junho de 2009

FRUSTRAÇÕES LITERÁRIAS II

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MICROCONTISTA
Com seus pequeninos contos, quisera tornar-se um grande escritor.
Mas grande mesmo foi a sua desilusão. Pouco lido, pouco conhecido. Morreu frustrado.
Seu obituário no jornal lembrava um microconto.


BLOQUEIO
Diante da página em branco, desesperava-se o escritor. Faltavam-lhe inspiração, criatividade, palavras. “Isso nunca me aconteceu antes”.
Ao dizer essas palavras, de imediato lembrou-se do fiasco da noite passada e, alarmado, constatou que era a segunda vez que usava a mesma desculpa.


LANÇADO
Ninguém foi ao lançamento do seu primeiro livro. Tamanha frustração o levou a um gesto de loucura.
Do alto da passarela, lançou ao vento os mil exemplares publicados...
Num relampejo de consciência, ainda pode ver o último livro tombar próximo ao seu – também lançado! – corpo.
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terça-feira, 23 de junho de 2009

MICROCONTOS REUNIDOS



E-book TAMANHO NÃO É .DOC
microcontos publicados no twitter
Erik Kurkowski Weber
Fábio Cunha P. Coelho
Henry Alfred Bugalho
Rafael T. Okada
W. Gorj
*[Opção 2.] > leitura dinâmica!
*
Download. > .pdf

ANTOLOGIAS DE MAIO/09

Tripla participação: 1, 2 e 3 [wgorj]

sexta-feira, 19 de junho de 2009

UM LIVRO POSSÍVEL

Leitura dinâmica [e-book - grátis]
Para comprar o livro impresso
ou baixá-lo em PDF.

FRUSTRAÇÕES LITERÁRIAS


MARGINAL
Sem grana para publicar seus livros, o escritor apelou para um recurso tão eficaz quanto delinqüente.
Até ser apanhado em flagrante, fez dos muros da cidade as suas melhores páginas.


LIVRO DE ESTRÉIA
Não se contentou em apenas escrevê-lo.
A capa, quem elaborou?
O autor e ninguém mais.
Quem fez a diagramação?
O autor e ninguém mais.
Revisão, prefácio, quem?
O autor e ninguém mais.
Quantos se interessaram pelo livro?
O quê? Só o autor?!
E ninguém mais.

wgorj+Simplicíssimo

CAI CAI BALÃO

A quadrilha estava formada. A professora escolhera os pares entre os alunos da classe, e ele (sortudo! diziam os colegas) ficara com a mais bonita, a mais inteligente, a mais graciosa, a mais... A mais tudo! Não era à toa que se chama Maís-a. Não era à toa também que Maísa era o grande amor de sua vida. Tão grande quanto comportava sua pequenina vida; em seus doze anos, por ela suspirava, rabiscava seu nome nas páginas do caderno, onde agora desenhava balões em forma de coração.
Na noite de São João, todo a caráter, ele mal se continha de ansiedade: logo ela surgiria por entre o arco de bambus à entrada da escola, desfilando seu vestidinho remendado sob bandeirinhas coloridas.
Sua ansiedade, porém, aos poucos foi murchando como um balão. Ela não veio. Disseram que estava doente. E a quadrilha começou sem o par, pois não havia outra (nem ele queria!) disposta a acompanhá-lo.
"Olha a cobra! É mentira!”
Bem que podia... Bem que podia ser mentira. Ela não estava doente. Estava chegando, pegando-o pelo braço, os dois rodopiando, rodopiando... Ela sorrindo, ele suspirando.
Mas não! Não era mentira. Ela não veio mesmo, e ele, sozinho, ia para casa, o coração se consumindo de tristeza e paixão.
Pelo rosto, lágrimas negras de carvão desfaziam-lhe a barba de mentira. Na noite estrelada, via-se no céu um balão, triste e solitário balão. Consumindo-se em chamas, caía devagar, bem devagar...