Tinha fome de letras. Comia o “s” dos plurais, o “d” dos gerúndios, o “r” dos verbos. Insaciável, deu também para comer palavras inteiras, até se tornar incompreensível.
Não satisfeito, passou a devorar frases, orações e períodos completos.
Restaram-lhe grunhidos e interjeições. Em pouco tempo, roeu-os até a mudez total.
Agora só lhe resta devorar o silêncio.
Não satisfeito, passou a devorar frases, orações e períodos completos.
Restaram-lhe grunhidos e interjeições. Em pouco tempo, roeu-os até a mudez total.
Agora só lhe resta devorar o silêncio.
gORj
6 comentários:
Texto criativo em seu sintetismo. Mesmo reduzido tem efeito contrário ao que sofreu a personagem. Parabéns.
Vicência Jaguaribe.
Que beleza Wilson!
Nada como o presente que ganhou! a introversão é uma benção e este seu conto também.
Texto bem criativo, Wilson, ao seu estilo. Parabéns.
MITO BOM MESMO!
ABRAÇOS
O silêncio fugidio já não lhe sustenta. Espera igual a aranha
na teia, alguém que passe por ali,
dirija-lhe a palavra. Essas palavras gordas de quem se perde por esses becos.
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Um abraço josé marins
Obrigado, amigos, pelas palavras gordas, generosas, que alimentam o o meu grato silêncio.
Abraços.
W.G.
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