quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

MERO INSETO


Deixou o cinema com o sonho de ser o herói do filme.
De regresso, enquanto o carro do pai rodava pela cidade, percebeu o quão impossível era esse sonho. Das calçadas não brotavam arranha-céus. Apenas casas, sobrados, pequenos prédios afastados uns dos outros. Portanto, fosse mesmo o homem-aranha, não poderia cortar os ares balançando de uma teia à outra. Teria de viver com os pés no chão, igual a todo mundo.
De herói a inseto. Que conclusão mais repugnante.
O garoto esmagou o sonho.
.
[gorj]

4 comentários:

Angela disse...

Se tivesse nascido em NY seria mais uma vítima deste sonho infantil.

mural do ajosan disse...

Um micro-conto digno de mestre; muito bom, Wilson.

Renan O. Pacheco disse...

Muito bom, eu já pensei nisso quando pequeno e fã de homem-aranha. Mas eu substituía os prédios pelos postes e outras coisas.

Anônimo disse...

Renan,

O problema dos postes é a fiação elétrica [rs]. Corre-se o risco do homem-aranha se transformar em outro herói: o Tocha Humana.

Apareça mais vezes.

Abs.
W.G.