quarta-feira, 21 de março de 2012

ENCICLOPÉDIAS


Naquele galpão, acumulavam-se enciclopédias, milhares delas.
De onde vinham?
- A maioria vem de doações, respondeu o velho bibliotecário, dono do galpão. - Depois que inventaram a internet, ou melhor, o tal do Google, ninguém mais se interessa por coleções enciclopédicas.
Uma buzina chamou lá fora. Saímos. Em frente ao galpão, uma camionete estacionava; na caçamba, mais enciclopédias.
O velho ainda comentou:
Em casa, esses grossos volumes ocupam espaço, juntam poeira. Jogar no lixo, para alguns, traria remorso. Então, trazem para cá.
O motorista entregou-lhe a caixa com as enciclopédias, e partiu.
Também fui embora.
Passaram-se meses. Soube que aquele galpão acabou-se no fogo; o velho consumindo-se junto com as suas queridas e sábias companheiras.
Fui lá e só vi ruína. Um monte de cinzas e fumaça. Nem tudo, porém, se perdera: algumas enciclopédias conseguiram se salvar. Um caminhão de lixo as recolhia.

Um comentário:

Angela disse...

É tão difícil aceitar as mudanças radicais das coisas que amamos.
Triste este conto.