quinta-feira, 15 de julho de 2010

O MESMO FIM DO MINOTAURO

No labirinto, o jovem encontrou um velho.
– Desista de achar a saída – foi o conselho que o ancião lhe deu.
A reação do jovem foi de indignação:
– Desistir? Como desistir, se mal comecei a procurá-la!?
– Melhor para você, respondeu o outro. Pelo menos não perdeu o seu tempo. Olhe bem para mim. Envelheci procurando-a.
O rapaz obedeceu, medindo-o dos pés à cabeça. Aquele velho não inspirava confiança, algo nele parecia suspeito. A começar pelas mãos, escondidas atrás de si. Talvez segurassem algum alimento que não quisesse compartilhar.
– Mas como o senhor tem vivido até agora? – questionou-o, por fim.
A resposta veio como uma sentença:
– Esperando pela morte.
– E como faz quando tem sede e fome?
– Bebo a água da chuva. O acaso me alimenta.
– O acaso? Mas com o quê?!
Foi a sua última pergunta.

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{gORj}_______In: Contos de pouco fôlego, p.10 (2007).

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