segunda-feira, 25 de setembro de 2023

EM CENA



Debruçou-se no gradil da ponte. Olhou para baixo, as águas fundas do rio. Olhou depois para o lado esquerdo: ninguém. A seguir, virou-se para a direita, e avistou outro solitário como ele, a olhar fixamente para a correnteza. O que presenciou foi muito rápido: numa fração de segundos, o sujeito saltou por sobre a mureta e caiu como uma pedra, sumindo nas profundezas do rio.
A ele, triste candidato a suicida – um ator desempregado, que também não sabia nadar – , coube se retirar ainda mais frustrado do que quando chegara ali. Mais uma vez haviam lhe roubado a cena.

[gORJ]

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