quinta-feira, 19 de abril de 2012

ALGUMAS LÁGRIMAS PÓSTUMAS


REPRESADO

Ninguém nunca o via chorar. Sustentava a seco a fama de durão. Lágrimas nem mesmo quando a esposa faleceu. Acompanhou velório e sepultamento sem verter uma gota de sua dor.
Foi o último a deixar o cemitério.
Mal cruzou os portões, começou a chover.
Chuva abençoada, que deslizava veloz pelo rosto desconsolado.
De carona, o pranto.

* * *

DERRETIDAS
Em seu velório, poucos compareceram. Ninguém para chorar. As velas, solidárias, derramavam lágrimas de cera.


[gORj]

Um comentário:

Angela disse...

caramba! quanta repressão!