sábado, 21 de outubro de 2023

AS ROSAS DE AUSCHWITZ


Os soldados de Himmler convertiam em adubo as cinzas dos prisioneiros que eram cremados após sua passagem pelas câmaras de gás. Um pouco desse adubo foi parar no solo de uma roseira sob a janela do gabinete de um oficial nazista.
Veio, então, a primavera. A despeito de tantos botões, daquela roseira nenhuma flor desabrochou. O jardineiro tinha a sua explicação: “Cada botão dessa roseira é uma mão fechada que se nega a abrir. A sovinice dos judeus a contaminou”. Os nazistas riam da piada e apontavam as outras roseiras floridas sob outras janelas.
O tempo passou. Chegou o inverno, e o Terceiro Reich, como as pétalas das demais roseiras, tombou por terra. Permaneceram apenas os botões daquela “roseira sovina”.
Botões que finalmente desabrocharam.
Mesmo sob o frio intenso, os tênues galhos exibiam rosas abertas como feridas, vermelhas como sangue. Para elas, havia chegado a primavera.

[gORj]

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