De sua janela, se preparando para sair, Maria vê. Vê a vizinha Marta derreada no seu almofadão, assistindo ao Vale a Pena Ver de Novo. Vê ainda que Marta sequer suspeita. Mas uma aranha alpinista - cuja caixa do seu mundo é também uma sala - tenta escalar o ramo de sol que pende do quadro do Salvador na parede.
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Rinaldo de Fernandes,
Escritor. Autor de O Caçador (livro de contos e minicontos, do qual faz parte o texto acima) e O perfume de Roberta (contos).
Escritor. Autor de O Caçador (livro de contos e minicontos, do qual faz parte o texto acima) e O perfume de Roberta (contos).
3 comentários:
Meus neurônios se debateram,leram e releram esta história tentando entender o que seria pra ser entendido. Eu boiei e meus neurônios se afogaram...
Vou tentar ajudar os seus neurônios. Posso?
Embora eu ache meio chato, isso. Afinal, alguns textos geram vários entendimentos, conforme o perfil do leitor.
Esse, em questão, eu entendi assim. Maria é uma mulher ativa, viva. Marta, não. Passiva, alheia à vida que pulsa fora de seu mundo televisivo. A sua caixa.
A ironia está na aranha, também presa a um mundo estreito, mas que tenta uma possível fuga escalando um hipotético raio de sol. Salvador.
ah! que bom! Obrigada! Nada como neurônios jovens... neste caso não há como interpretar de outro modo não? Embora eu ache um tanto pretencioso e injusto julgar a vida de X ou Y como melhor ou pior que outra qualquer.
Eu diria, depois de sua ajuda, que uma é extrovertida, a outra introvertida e a aranha, como não leu Jung e ainda não se decidiu, perpassa os dois mundos! :D
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