Tinha fascínio por aquele quadro. Gastava horas admirando-o em todos os detalhes: a casa modesta cuja chaminé expelia fumaça tão branca quanto às nuvens; as árvores frondosas com pássaros esvoaçando das copas; o campo eivado de flores e borboletas estampadas em cores vivas; ao longe, montanhas azuis de cumes altos e enevoados.
Num primeiro plano, repousava o riacho cujas águas provinham de uma tímida cachoeira que, ao fundo, despencava entre rochedos cobertos de musgos.
Olhando para o quadro, o homem imaginava-se ali, naquele cenário bucólico.
De tanto olhar, cansara a vista e as pálpebras sonolentas cobriram-lhe os olhos.
De repente, o sobressalto: viu-se emergir dentro do quadro, onde, agora, tudo era verdadeiro, não mais mera pintura.
Saindo do riacho, tirou a camisa molhada e, eufórico, correu pelos campos: o vento a deslizar pelos cabelos, secando o corpo e aliviando o peso das calças encharcadas.
Correu até aproximar-se da casa. A porta estava aberta. Parecia não haver ninguém ali.
Num primeiro plano, repousava o riacho cujas águas provinham de uma tímida cachoeira que, ao fundo, despencava entre rochedos cobertos de musgos.
Olhando para o quadro, o homem imaginava-se ali, naquele cenário bucólico.
De tanto olhar, cansara a vista e as pálpebras sonolentas cobriram-lhe os olhos.
De repente, o sobressalto: viu-se emergir dentro do quadro, onde, agora, tudo era verdadeiro, não mais mera pintura.
Saindo do riacho, tirou a camisa molhada e, eufórico, correu pelos campos: o vento a deslizar pelos cabelos, secando o corpo e aliviando o peso das calças encharcadas.
Correu até aproximar-se da casa. A porta estava aberta. Parecia não haver ninguém ali.
*
Decide entrar. Julga-se sozinho, mas logo escuta vozes atrás da parede, no cômodo ao lado. Recua até a porta à espera de que alguém apareça. O dono da casa não demora a surgir. Chega vagaroso, arrastando-se, o corpo encurvado num cajado e o rosto encoberto por amplo chapéu. “Ô velha”, berra o ancião, voltando-se para o local de onde saiu. “Venha cá. Acho que temos visita”.
No mesmo vagar surge um vulto em trajes negros. A companheira do velho... Horrível aparição!
O visitante, apavorado, volta-se para o ancião e seu terror se multiplica. O sombreiro na mão ossuda, órbitas vazias, dentes expostos batendo-se num riso diabólico – uma caveira igual à outra, a parceira de longos cabelos grisalhos.
Pavor, coração e pernas em disparada. Sem olhar para trás, o homem atravessa o gramado até a margem, de onde mergulha no riacho...
No mesmo vagar surge um vulto em trajes negros. A companheira do velho... Horrível aparição!
O visitante, apavorado, volta-se para o ancião e seu terror se multiplica. O sombreiro na mão ossuda, órbitas vazias, dentes expostos batendo-se num riso diabólico – uma caveira igual à outra, a parceira de longos cabelos grisalhos.
Pavor, coração e pernas em disparada. Sem olhar para trás, o homem atravessa o gramado até a margem, de onde mergulha no riacho...
*
Torna a emergir. Mas, dessa vez, das águas do sono.
Sobressaltado, acorda quase sem fôlego. Procura se acalmar. A sala está abafada, seus cabelos úmidos. Do peito escorrem filetes de suor.
A salvo no sofá, tenta enxugar da lembrança o pesadelo macabro.
Olha mais uma vez para o quadro na parede. Tudo normal. A paisagem continua a retratar o mesmo o sossego de antes.
Algo, no entanto, parece diferente. À margem do riacho, um pequeno detalhe chama a atenção.
Enquanto seus olhos buscam reconhecer o novo elemento na pintura, uma corrente de ar frio entra pela janela e lhe provoca calafrios.
É quando se dá conta de que lhe falta a camisa.
Sobressaltado, acorda quase sem fôlego. Procura se acalmar. A sala está abafada, seus cabelos úmidos. Do peito escorrem filetes de suor.
A salvo no sofá, tenta enxugar da lembrança o pesadelo macabro.
Olha mais uma vez para o quadro na parede. Tudo normal. A paisagem continua a retratar o mesmo o sossego de antes.
Algo, no entanto, parece diferente. À margem do riacho, um pequeno detalhe chama a atenção.
Enquanto seus olhos buscam reconhecer o novo elemento na pintura, uma corrente de ar frio entra pela janela e lhe provoca calafrios.
É quando se dá conta de que lhe falta a camisa.
[gORj]