terça-feira, 16 de outubro de 2007

GELO



Bom dia, querida, ele disse, deixando a luz entrar e bater no corpo deitado dela. Você está fria comigo e seus lábios têm o gosto pálido do seu beijo silencioso. Está zangada comigo, ele disse, mas não posso vir aqui todos os dias, o perigo é cada vez maior. Eles me fazem perguntas, me seguem, querem me pegar e pegar você também. Querem nos separar mas não vão conseguir. Basta você ficar aqui, quieta, por mais algum tempo, ele disse e disse tchau, até amanhã, depois jogou um beijo com a mão, baixou a tampa do freezer e saiu.

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Poeta e compositor. Autor de Microcontos/Microstories (amostra acima) - edição bilíngue.

3 comentários:

Priscila Lopes disse...

Cacete! A leitura deu-se tal qual um soco no estômago. Genial. Meus parabéns!

Priscila Lopes disse...

Cacete! A leitura deu-se tal qual um soco no estômago. Genial. Meus parabéns!

Aline Gallina disse...

Uau! Incrível... fluidez compactada e precisa!
Parabéns mesmo!