Bom dia, querida, ele disse, deixando a luz entrar e bater no corpo deitado dela. Você está fria comigo e seus lábios têm o gosto pálido do seu beijo silencioso. Está zangada comigo, ele disse, mas não posso vir aqui todos os dias, o perigo é cada vez maior. Eles me fazem perguntas, me seguem, querem me pegar e pegar você também. Querem nos separar mas não vão conseguir. Basta você ficar aqui, quieta, por mais algum tempo, ele disse e disse tchau, até amanhã, depois jogou um beijo com a mão, baixou a tampa do freezer e saiu.
.
Luís Antonio Alves Fidalgo
Poeta e compositor. Autor de Microcontos/Microstories (amostra acima) - edição bilíngue.
3 comentários:
Cacete! A leitura deu-se tal qual um soco no estômago. Genial. Meus parabéns!
Cacete! A leitura deu-se tal qual um soco no estômago. Genial. Meus parabéns!
Uau! Incrível... fluidez compactada e precisa!
Parabéns mesmo!
Postar um comentário