domingo, 23 de dezembro de 2007

MINUTO

Era uma vez um homem que estava preso. Um dia, quando acordou, olhou plea janela; e pensou como gostaria de estar a correr numa praia deserta. Depois, passou os olhos pela parede escrevinhada, coberta de desenhos; e imaginou o filho na escola, a aprender. Olhou uma fatia de pão seco e recordou a mulher, terrível cozinheira, ótima amante, companheira da sua vida.
Ficou a pensar em tudo aquilo. Praia deserta. Filho a crescer. Mulher amada.
Olhou o relógio. Tinham passado três minutos desde que acordara. Faltavam sete anos para ser libertado. Dois milhões novecentos e setenta e cinco mil minutos.

Paulo Kellerman
Do livro Miniaturas.

Um comentário:

Angela disse...

Bom conto. aflitivo mas... era melhor trocar o relógio pelo sol e batalhar por um indulto!