quinta-feira, 25 de novembro de 2010

HIPÓCRITA


Em casa, marido fiel; no quarto da amante, um devasso. Em público, funcionário honesto; às escondidas, um corrupto. Para sociedade, um homem direito; para si mesmo, o rei da malandragem.
A todos se mostrava afeito à verdade; a ninguém confessava suas mentiras.
Mentia principalmente para o filho.
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Livro aberto. O menino estuda, enquanto o pai lê o jornal em sua poltrona. De repente, o filho dispara a pergunta:
– Pai, o que é hipocrisia?
O homem fecha o jornal. A resposta sai pronta:
– Hipocrisia, meu filho, é quando a pessoa finge ser algo que não é.
O menino continua:
– Conhece alguém assim, pai?
– Ô se conheço! Tem muita gente hipócrita por aí.
E pondera:
– Nem todos são como o seu pai... Verdadeiro.
O garoto coça a cabeça. A curiosidade insatisfeita:
– Pai, dá para saber quando uma pessoa é hipócrita?
– Dá, sim. Mas não é fácil. Eu mesmo demorei muito para aprender.
– Então me ensina, pai. Quero saber quem é hipócrita.
– No momento certo, filho. Ainda é cedo para você aprender essas coisas. Volte a estudar. E fique tranquilo. Quando você crescer, eu estarei aqui, pronto para lhe ensinar tudo o que aprendi.

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gORj

Um comentário:

Angela disse...

Muito bom, o conto!
Com a prática, chega-se a perfeição, em tudo! ou quase tudo.