segunda-feira, 1 de março de 2010

DESPEITO


Por muitos anos utilizara a máquina elétrica para redigir os documentos da repartição pública. Quando finalmente lhe apresentaram o computador, fez-se relutante em aceitar a nova tecnologia, tão habituado estava à antiga. Resistência passageira. Pouco demorou a também se render às facilidades da informática.
Um dia, porém, o computador travou. Como tinha urgência em redigir um ofício, recorreu mais uma vez à máquina de escrever, há muito descartada.
Colocou o papel. Bateu. Tornou a teclar, mas nada. Nenhuma letra aparecia na folha em branco.
“Acabou a fita”, disse para si mesmo, já que estava sozinho.
Levantou-se e foi ao estoque em busca de outra.
Quando voltou, encontrou escrito na folha:
Desista. Não é a fita.
.
[gorj]

Um comentário:

Angela disse...

Uau! Máquina vingativa?
Gosto muito do surreal...